Até os grandes podem perder o coração. Novos cálculos sugerem que o
núcleo rochoso de Júpiter está se dissolvendo. O trabalho pode ajudar a
explicar porque o seu núcleo parece menor e sua atmosfera está mais rica
em elementos pesados.
Imagina-se que planetas gigantes como Júpiter e Saturno começaram sua
vida como corpos sólidos de rocha e gelo. Quando chegaram a uma massa
dez vezes maior do que a da Terra, suas gravidades puxaram gás que
resultaram em atmosferas grossas formadas principalmente por hidrogênio.
Curiosamente, alguns estudos sugerem que o núcleo de Júpiter pesa
menos do que dez Terras, enquanto o de Saturno, que é menor, tem entre
15 e 30 Terras. No ano passado, pesquisadores chineses ofereceram uma
explicação sinistra: um planeta rochoso maior do que a Terra bateu em
Júpiter há muito tempo, vaporizando a maior parte de seu núcleo.
Esse cenário pode também explicar outro mistério: porque a atmosfera
de Júpiter contém uma fração de elementos pesados maior do que o sol,
cuja composição é considerada um reflexo da que compunha a nebulosa que
deu origem aos planetas do sistema solar.
Agora, os cientistas Hugh Wilson e Burkhard Militzer sugerem outra
teoria, não menos macabra: o núcleo de Júpiter vem gradualmente se
dissolvendo desde sua formação, há 4,5 bilhões de anos.
Cálculos quânticos
Outros pesquisadores propõe que a intensa pressão e temperatura no coração do gigante talvez faça seu núcleo dissolver na atmosfera interna, que está sob tanta pressão que faz com que ele se comporte, de alguma maneira, como um líquido.
Outros pesquisadores propõe que a intensa pressão e temperatura no coração do gigante talvez faça seu núcleo dissolver na atmosfera interna, que está sob tanta pressão que faz com que ele se comporte, de alguma maneira, como um líquido.
Os especialistas usaram equações da mecânica quântica para ver como o
óxido de magnésio – um constituinte do núcleo de Júpiter – reage em
pressões e temperaturas similares as do planeta (40 milhões de
atmosferas terrestres e 20 mil graus Celsius). Essas condições não podem
ser recriadas em laboratórios terrestres.
Eles descobriram que nessas condições, o mineral realmente se
dissolve nos fluidos à volta. “É como um pouco de sal no fundo de um
copo. Coloque água morna e ele vai começar a se dissolver, ficando com
água mais salgada no fundo e menos salgada no topo”, explica Wilson.
Ele suspeita que a rocha dissolvida talvez se misture com o resto da
atmosfera, com o tempo. “Isso poderia pelo menos explicar parcialmente o
enriquecimento de elementos pesados na atmosfera externa, e o fato do
núcleo estar menor do que nas previsões”, afirma.
Os cálculos também sugerem porque Saturno – que possui cerca de um
terço da massa de Júpiter – parece ter um núcleo mais robusto. As
condições no planeta dos anéis não são tão extremas quando em Júpiter,
então se o núcleo está se dissolvendo, está fazendoisso de uma “maneira
muito mais lenta”, afirma Wilson.
A equipe acredita que o processo provavelmente acontece muito mais
rápido em planetas mais massivos do que Júpiter. Dave Stevenson, do
Instituto de Tecnologia da Califórnia, concorda. “A erosão do núcleo
deve ser maior conforme a massa cresce”, afirma.
“Eu suspeito que em ‘super Júpiteres’ não há nenhum núcleo”, afirma
Wilson. Se for esse o caso, a concentração de elementos pesados na
atmosfera será maior, o que pode ser detectado por telescópios, no
futuro.
O fato do coração de Júpiter estar se dissolvendo é ruim? Wilson diz
que é o oposto. “É como um sinal de que o planeta ainda está se formando
– não atingiu um estado estável”.
Fonte:[NewScientist]
Fantástico...
ResponderExcluirLendo isso lembrei de algo bizarro que li, dizia que Júpiter iria se tornar um segundo sol, e isso marcaria a passagem para um estado elevado.
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