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Cromeleque de Calçoene - "Stonehenge brasileiro"


Na Europa ocidental viveram, ao redor de 3.000 a.C., alguns povos que desenvolveram uma cultura particular, chamada megalítica. As construções megalíticas principais são os Cromeleques, grandes pedras dispostas em círculo, não só para fins rituais senão também por motivos concernentes ao calendário; os Dolmens, ou melhor, urnas funerárias formadas por duas pedras verticais nas quais se apoia uma laje horizontal; e os Menires, pedras verticais cravadas no solo, cuja provável função era a de render culto ao sol.

Os mais importantes sítios arqueológicos desta antiga cultura se encontram em Stonehenge, Inglaterra. Outro cromeleque, de grande importância, localiza-se em Portugal, e leva o nome de Cromeleque dos Almendres.



Stonehenge
Cromeleque de Almendres
Até agora se pensava que monumentos megalíticos deste tipo existiam apenas na Europa. Com a descoberta e cuidadosa análise, em 2006, do Cromeleque de Calçoene, no norte do Brasil, próximo ao litoral atlântico, pode se afirmar que a cultura megalítica chegou também a América.

A uns 20 quilômetros do povoado de Calçoene, se encontra o Cromeleque, que está localizado num morro de aproximadamente 7 metros de altura. Está formado por mais ou menos trinta pedras de até 4 metros de altura, dispostas em círculo. O diâmetro do Cromeleque é de cerca de 30 metros. Algumas lajes caíram ou inclinaram-se, o que leva a crer que o monumento é muito antigo. No interior do círculo há duas rochas muito particulares: Uma delas tem um buraco um pouco mais acima da metade de sua altura, enquanto que a outra está disposta diagonalmente. Segundo o pesquisador brasileiro José Elias Ávila, a pedra perfurada tem a função de mostrar o momento exato do solstício de inverno, 22 de dezembro de cada ano. A luz do sol, no amanhecer de 22 de dezembro, entra no furo da primeira pedra e, caindo na segunda, não produz sombra, já que ilumina só sua parte lateral.

No subsolo do Cromeleque há duas fossas em forma de bota; enquanto uma tem 1,3 metros de profundidade, a outra tem 1,9 metros. Ambas possuem um diâmetro de aproximadamente 1,7 metros. No interior delas se acharam alguns ossos humanos (mas, não crânios) e cerâmica, a qual foi datada de cerca de 1.000 d.C..

Segundo a arqueóloga Mariana Petry, que fez parte da equipe que estudou o local, o monumento foi construído mais ou menos no começo da era cristã. Como chegou a tal conclusão? A cerâmica encontrada nas fossas, igual que alguns fragmentos de terracota achados nos alicerces do monumento, fariam pensar que este foi edificado pelos autores da cerâmica, a qual é propriamente amazônica (estilo chamado Aristé), mas que difere da cerâmica Marajoara da ilha de Marajó.

Os construtores do monumento megalítico seriam, então, indígenas ameríndios, descendentes dos povos asiáticos, que chegaram a América pelo estreito de Bering e da Melanésia e Polinésia faz uns 30 milênios. Da análise geográfica do lugar, junto com outras considerações de natureza histórica e cultural, pode-se propor uma teoria alternativa sobre a origem do Cromeleque de Calçoene. Antes que nada, há que se assinalar que o Cromeleque em questão é o único monumento megalítico circular deste tipo em todo o continente americano. Se a tradição megalítica tivesse sido comum nos povos ameríndios, já se haveria encontrado outros cromeleques tanto na América septentrional como na meridional. É verdade que os indígenas sul-americanos tem um conhecimento básico dos eclipses e do solstício de inverno, mas se a tradição de construir cromeleque tivesse sido típica de um particular povo ameríndio que vivia na zona de Calçoene, por que se perdeu esta cultura sucessivamente? Por hora mistério...




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About Nando Gerhardt

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