Imagine colocar dezenas de anzóis em sua pele e ter alguém puxando-os com toda a força. Imagine perfurar a sua língua ou suas bochechas com uma haste de metal. E tudo isso sem anestesia. Pode parecer loucura, mas isso acontece todos os anos durante o Thaipusam, uma celebração religiosa dos hindus para prestar homenagens ao “Lord Murugan”, também conhecido como “Lorde Subramaniam”.
Esse festival, realizado uma vez por ano, geralmente no final de janeiro ou início de fevereiro, é banido na Índia, mas ainda é celebrado na Malásia, Cingapura e Sri Lanka. Aqui na Malásia, onde há uma comunidade significativa de indianos (ou com ascendência indiana) que segue o hinduísmo, esse festival é realizado em três diferentes cidades: Kuala Lumpur, Penang e Ipoh. Em Kuala Lumpur, quase um milhão de pessoas participam dos 3 dias de festividades. Estive presente no festival desse ano e fiquei absolutamente impressionado. Fascinado talvez seja a palavra mais apropriada. Adjetivos à parte, vou tentar descrever um pouco do vi.
Essa celebração envolve uma espécie de procissão que vai de um pequeno riacho a uma gruta enorme (Batu Cave). O percurso total deve ter um quilômetro de distância, além dos 272 degraus para se chegar à caverna. Duzentos e setenta e dois degraus! E sob um sol escaldante. Alguns devotos ainda carregam o kavadi, um ornamento enorme, nos ombros durante toda a procissão.
O kavadi, para ser mais exato, é uma estrutura parecendo uma gaiola que é decorada com penas de pavão e fotos de deuses hindus. Um kavadi bem ornamentado pode pesar até 15 kg. Além disso, algumas lanças afiadas estão presentes na parte inferior dessa indumentária e espetam o devoto. Sem dúvida, não deve ser fácil carregar tudo isso e ainda tendo alguns anzóis na pele e um espeto na boca. Haja fé.
Mas não é só isso. Para se purificar, cada devoto deve se preparar física, mental e espiritualmente para esse evento. Assim, durante 48 dias antes da celebração, o fiel deve comer apenas uma refeição ao dia (estritamente vegetariana), ficar em silêncio sempre que possível, rezar no templo e em casa, dormir no chão e até mesmo observar abstinência sexual. Dureza, hein? Entretanto, vários participantes não cumprem períodos tão longos de purificação e apenas jejuam por 7 dias. Assim é moleza.
Raspar a cabeça é também um sinal de sacrifício. Há barbeiros espalhados por toda a área e homens, mulheres, meninos e meninas raspam a cabeça. Em alguns casos, depois de ter o cabelo raspado, um produto meio amarelado é passado na careca. Não sei se há algum simbolismo nisso, mas é muito interessante.
Obviamente, há diferentes razões para para que os devotos passem por tudo isso. Alguns procuram se livrar de um Karma ruim, outros como penitência por seus pecados e outros ainda para pagar um promessa.
Voltando ao ritual, é impressionante assistir às pessoas sendo preparadas para a procissão. Anzóis são colocados na pele, a língua é perfurada com uma haste de metal, a face furada com uma espécie de espeto ou lança. Às vezes, um pó vermelho é espalhado sobre a pele. O forte cheiro de incenso, a música ritmada por tambores e cânticos ininteligíveis criam uma atmosfera absolutamente fantástica. Observei tudo aquilo com um misto de respeito, surpresa e incredulidade. Sobretudo, com admiração por ver a devoção dos fiéis durante aquele todo o ritual.
Fiquei sabendo que o tamanho das lanças teve de ser limitado a um metro em consideração aos outros devotos e aos turistas. Como quase um milhão de pessoas na procissão, poderia ser realmente perigoso se a lança atingisse alguém. Sábia decisão, portanto.
O mais impressionante é que, aqueles que se submetem a tais sacrifícios, não sentem dor. Bom, pelo menos é o que eles dizem. E não há sangramento algum. Durante todo o ritual, os devotos entram numa espécie de transe, fumam charutos, ficam com os olhos vidrados e comportam-se como se nada em sua volta fosse importante.
Podemos achar estranho, ou até mesmo absurdo, toda esse sofrimento para purificar o corpo ou pagar uma promessa. Mas no catolicismo há procedimentos semelhantes. Nas Filipinas, o único país de maioria católica na Ásia, durante a Semana Santa pessoas são cruxificadas para pagar alguma promessa. Com prego e tudo! Ainda não tive a oportunidade de assistir a isso, mas há alguns vídeos disponíveis no You Tube. Vale a pena conferir.
PS: Encontrei um vídeo do Festival de Penitência
Esse festival, realizado uma vez por ano, geralmente no final de janeiro ou início de fevereiro, é banido na Índia, mas ainda é celebrado na Malásia, Cingapura e Sri Lanka. Aqui na Malásia, onde há uma comunidade significativa de indianos (ou com ascendência indiana) que segue o hinduísmo, esse festival é realizado em três diferentes cidades: Kuala Lumpur, Penang e Ipoh. Em Kuala Lumpur, quase um milhão de pessoas participam dos 3 dias de festividades. Estive presente no festival desse ano e fiquei absolutamente impressionado. Fascinado talvez seja a palavra mais apropriada. Adjetivos à parte, vou tentar descrever um pouco do vi.
Essa celebração envolve uma espécie de procissão que vai de um pequeno riacho a uma gruta enorme (Batu Cave). O percurso total deve ter um quilômetro de distância, além dos 272 degraus para se chegar à caverna. Duzentos e setenta e dois degraus! E sob um sol escaldante. Alguns devotos ainda carregam o kavadi, um ornamento enorme, nos ombros durante toda a procissão.
O kavadi, para ser mais exato, é uma estrutura parecendo uma gaiola que é decorada com penas de pavão e fotos de deuses hindus. Um kavadi bem ornamentado pode pesar até 15 kg. Além disso, algumas lanças afiadas estão presentes na parte inferior dessa indumentária e espetam o devoto. Sem dúvida, não deve ser fácil carregar tudo isso e ainda tendo alguns anzóis na pele e um espeto na boca. Haja fé.
Mas não é só isso. Para se purificar, cada devoto deve se preparar física, mental e espiritualmente para esse evento. Assim, durante 48 dias antes da celebração, o fiel deve comer apenas uma refeição ao dia (estritamente vegetariana), ficar em silêncio sempre que possível, rezar no templo e em casa, dormir no chão e até mesmo observar abstinência sexual. Dureza, hein? Entretanto, vários participantes não cumprem períodos tão longos de purificação e apenas jejuam por 7 dias. Assim é moleza.
Raspar a cabeça é também um sinal de sacrifício. Há barbeiros espalhados por toda a área e homens, mulheres, meninos e meninas raspam a cabeça. Em alguns casos, depois de ter o cabelo raspado, um produto meio amarelado é passado na careca. Não sei se há algum simbolismo nisso, mas é muito interessante.
Obviamente, há diferentes razões para para que os devotos passem por tudo isso. Alguns procuram se livrar de um Karma ruim, outros como penitência por seus pecados e outros ainda para pagar um promessa.
Voltando ao ritual, é impressionante assistir às pessoas sendo preparadas para a procissão. Anzóis são colocados na pele, a língua é perfurada com uma haste de metal, a face furada com uma espécie de espeto ou lança. Às vezes, um pó vermelho é espalhado sobre a pele. O forte cheiro de incenso, a música ritmada por tambores e cânticos ininteligíveis criam uma atmosfera absolutamente fantástica. Observei tudo aquilo com um misto de respeito, surpresa e incredulidade. Sobretudo, com admiração por ver a devoção dos fiéis durante aquele todo o ritual.
Fiquei sabendo que o tamanho das lanças teve de ser limitado a um metro em consideração aos outros devotos e aos turistas. Como quase um milhão de pessoas na procissão, poderia ser realmente perigoso se a lança atingisse alguém. Sábia decisão, portanto.
O mais impressionante é que, aqueles que se submetem a tais sacrifícios, não sentem dor. Bom, pelo menos é o que eles dizem. E não há sangramento algum. Durante todo o ritual, os devotos entram numa espécie de transe, fumam charutos, ficam com os olhos vidrados e comportam-se como se nada em sua volta fosse importante.
Podemos achar estranho, ou até mesmo absurdo, toda esse sofrimento para purificar o corpo ou pagar uma promessa. Mas no catolicismo há procedimentos semelhantes. Nas Filipinas, o único país de maioria católica na Ásia, durante a Semana Santa pessoas são cruxificadas para pagar alguma promessa. Com prego e tudo! Ainda não tive a oportunidade de assistir a isso, mas há alguns vídeos disponíveis no You Tube. Vale a pena conferir.
PS: Encontrei um vídeo do Festival de Penitência
São posts como esse que me fazem pensar na minha profissão (sou enfermeira!)
ResponderExcluirQuando penso que já vi, li, ouvi falar de tudo que um ser humano é capaz de suportar ou submeter-se, percebo que ainda estou apenas começando...
...bah!